Música e futebol...futebol
por música, são tantas as combinações/triangulações; pandeiro e viola, surdo e
reco-reco, centro avante e lateral, goleiro e técnico. Toca bola, toca cavaco!
Na várzea essa tabelinha já é antiga e tradicional, mas ganhou novas nuances. O
samba sempre foi o carro chefe quase que obrigatório. O improviso era em cima
dos caminhões, nos busões, alambrados e arquibancadas. O próprio apito do
árbitro no trilar é musical e os reis da bola bailam no palco que era
marrom/vermelho e se torna sinteticamente verde a cada dia.
Hoje a trilha sonora nos
jogos ainda prevalece o agora secular samba, que esta completando 100 anos. Mas,
pós jogo, o que pode ser um pagode, em muitos casos também tem som de vinil,
tem o som do carro com pancadão, sertanejo, rap e por aí vai.
Músicas com o tema futebol
existem várias, desde a clássica Na Cadência do Samba (Que Bonito É) de Luiz
Bandeira interpretada por Waldir Calmon e Orquestra até a recente conhecida Uma
Partida de Futebol do Skank. Pois é, e sobre o futebol de várzea em si, tem
música?. O blog Futebol da Quebrada foi atrás e achou algumas pérolas. Então fizemos
uma coletânea dessas músicas e deixamos a disposição para quem quiser fazer um
download para escutar depois, é Várzea Music!.
Nosso critério era que a
música tinha que citar alguma quebrada, futebol de várzea ou algum time de
várzea. E achamos o belo rap do De Menos Crime, rapaziada da leste que fez uma
homenagem na A Todos da Várzea. O grupo de samba rock Faro Fino também brincou
com o lance, na música A Várzea. O Expressão Ativa em certo momento da letra de
O Beck Esta Queimando manda um salve para uns times varzeanos e relembra da
explosão das fogueteiras .
Já as equipes do Santa
Amélia e R2 Debony da Pedreira zona Sul, tiveram raps feitos em suas homenagens.
Do Santa Amélia os intérpretes foram do Bonde dos 25 e o do R2 foi o cantor e
compositor Mydras, que infelizmente foi assassinado na chacina que ocorreu na
torcida uniformizada Pavilhão 9 do Corinthians. Ah tem também a homenagem ao
time do Santa Rosa de Mauá, feito por Mc Kauan dos Vigilantes MC’s.
E o rap do Negredo que fala
de uma partida entre Canabis vs Vila Fundão?, louca também, tem todo o clima
varzeano na letra. A Canção ao Futebol de Várzea, um samba feito para os varzeanos da
cidade de Santos, mas serve pra geral com certeza, certeira composição de Geraldo
Pierotti e Ricardo Peres, esse último compositor de mão cheia de sucessos do
grupo de pagode Tempero. O rapper Raphão Alaafin gravou a música Futebol na
Quebrada é Racha que foi trilha do documentário Várzea A Bola Rolada Na Beira
do Coração dirigido por Akins Kinte. Nesse mesmo doc entrou também a Magia da
Várzea do Rico da Patota D’Firmino, reparem na base nostálgica.
E tomamos a licença de
colocar algumas músicas que não falam diretamente da várzea. Esse repertório de
exceções, se forem postas nesse contexto varzeano podem bem servir de trilha,
pois ora falam de futebol ou das quebradas. Exemplo da suingada Zagueiro, do
mestre Jorge Ben, tem o clima certo para qualquer defesa forte. Meio Campo
composta e gravada por Gilberto Gil homenageia um revolucionário das quatro
linhas, Afonsinho que jogou no Botafogo do Rio de Janeiro, mas que poderia ser
muitos dos meias que desfilam seu futebol na várzea com elegância e qualidade. Tem
a Thats My Way do Edi Rock e participação de Seu Jorge, onde o racional em
certo momento explicita seu amor ao time do Nove de Julho da Casa Verde. Na É
Gol, do grupo Inquérito, o futebol é o contexto para a vida, esses manos sempre
foram bons na caneta.
O Comando DMC era da Vila
Joaniza e citou bem de leve a zona Sul varzeana no rap Na Zona Sul. O grupo
Alvos da Lei cita alguns bairros da zona Sul e você que gosta da várzea
provavelmente vai ligar alguns a seus respectivos times. Outras duas que
entraram foram Time Contra e Tocha Botafogo, ambas do Clube do Balanço que tem
um clima varzeano, uma delas citando o bairro da Vila Medeiros da zona Norte de
São Paulo. Com a canção Fim da Cidade, Rodrigo Campos cita a Vila Carrão com
tanta propriedade que se música tivesse cheiro daria pra sentir o do óleo
diesel das lotações. A música Gávea da banda Huaska mistura rock e bossa nova
pra falar de futebol de um jeito meio maloqueiro.
O samba rock Flamengão de
Bebeto, tudo bem que fala de um time tradicional e profissional que é o
Flamengo-RJ, mas a música tem cara de periferia! deve ser porque quando mais jovem,
eu sempre a ouvi nos barracos da favela. O pagode Cara do Gol do grupo Sensação
é muito legal, passa toda aquela impressão quando o atacante do nosso time
perde um gol feito. O samba Esquadrão do Meu Samba de Chico da Silva faz uma
comparação entre armação de um time de futebol e os instrumentos musicais. Na De Frente Pro Crime, apesar da música não falar sobre
futebol em si, João Bosco conseguiu
fazer uma parábola sobre uma morte e a indiferença diante da violência, sem contar que o primeiro estrofe é bastante conhecido na voz
do locutor Silvio Luiz.
E fechando a conta, o
sucesso País do Futebol, música feita sob encomenda para a Copa 2014 no Brasil,
de MC Guimê e Emicida, apesar da copa ter sido um fiasco para a seleção
canarinho, a música tem um clima bem legal e a letra às vezes é contundente, mas
sem perder o alto astral, digna de qualquer resenha pós jogo. Bom gente, é
isso, Futebol da Quebrada musical, para o final de ano, esperamos que gostem.
Texto e Seleção de Repertório: Marcelo Santos Costa
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