quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O W.O. que também acontece na várzea

Falando sobre W.O.


No dia 06/11 ocorreu algo em que os organizadores de festivais e competições no futebol de várzea mais temem e odeiam, o W.O.. Isso foi na Copa Macaca 2016 no campo CDC Maria Caetano no Parque Novo Sto Amaro, zona Sul de São Paulo. Mas não foi um jogo, foram dois jogos! A equipe faltar ao jogo é frustrante, mas não é coisa de outro mundo na várzea. Mas você sabe o que é o W. O.? Vamos lá...é a sigla para o termo em inglês Walk Over ou seja algo conseguido facilmente, nesse caso a “vitória” contra um time que não apareceu para jogar. O W.O. é uma espécie de punição decretada pelos juízes e pelos organizadores, geralmente após 30 minutos de ausência, a partir do horario marcado para início da partida

Normalmente para fins de pontuação de tabela, o time que compareceu fica com o placar de 1 a 0 ou 3 a 0, ganha os pontos pela vitória e os gols. Obviamente isso muda de regra para regra, já que cada campeonato há pequenas variações. Oficialmente na CBF por exemplo, o W.O. dá a derrota pelo placar de  3 a 0 para o time ausente. Há casos em que ambas as equipes não aparecem (duplo W.O.), ambas são penalizadas com a derrota.  Ou ainda, dependendo sempre das regras da competição, o time que comparecer com menos de 10 atletas, automaticamente recai no W.O.. 

Na várzea esse termo implica em muitas discussões e até brigas. Isso acontece por vários motivos, o não comparecimento é o mais comum e pode ser mal interpretado como boicote. Mas atrasos podem ocorrer se o ônibus que traz a equipe sofrer um acidente, quebrar ou até se perder pelo caminho. Há campeonatos em que a camisa é padronizada com o logotipo dos patrocinadores e a equipe é obrigada a jogar com tal camisa podendo sofrer um W.O..

Já houve casos em que a penalidade foi aplicada porque a equipe não depositou a taxa de inscrição! Que mico!. Na antiga Copa Kaiser o W.O. tinha penas pesadas, com a exclusão da equipe do campeonato vigente e até por dois anos de competições ligadas a organização ou a FPF (Federação Paulista de Futebol) e mesmo assim os W.O.’s aconteciam. No futebol profissional raramente acontece uma equipe faltar ao jogo, mas há registros recentes na série C do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Ceará... Outro exemplo que pode ilustrar, foi ocorrido em 2012 na Copa Sul-americana, o Tigres da Argentina não voltou para o segundo tempo e foi decretada a vitória do São Paulo Futebol Clube por W.O.. Casos como invasão de torcida, falta de iluminação ou fenômenos da natureza, como um temporal, não dão W.O., a partida pode ser suspensa ou adiada.



Sobre suspensão de partidas, oficialmente o paragrafo primeiro do artigo 14, no regulamento da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) esta descrito:

§ 1º - Uma partida só poderá ser adiada, interrompida ou suspensa quando ocorrerem os seguintes motivos:

1) falta de garantia;
2) mau estado do campo, que torne a partida impraticável ou perigosa;
3) falta de iluminação adequada;
4) conflitos ou distúrbios graves, no campo ou no estádio.
5) procedimento contrário à disciplina por parte dos componentes 
das associações e / ou de suas torcidas


No futebol de várzea, depende sempre do bom senso e do regulamento do campeonato, que em alguns casos se espelha nos oficias das federações, com modificações e adaptações. O blog Futebol da Quebrada falou com o árbitro Emerson Duarte, que apita no futebol amador, sobre o assunto; “Eu já presenciei alguns tipos de W.O. como por exemplo a camisa de cor igual e o time não ter outra, horário de jogo, time só com seis jogadores, nesse caso  é inviável começar a partida, e tem também equipe que não pagar a taxa do campeonato, a organização dificilmente deixa passar”.

 Já o árbitro Marcelo Ribeiro dos Santos, o “Marcelão”,  nos contou um caso em suas andanças pelos campos varzeanos: “Em um certo final de semana fui chamado para três jogos no Sindicato dos Metalúrgicos, cheguei cedo ao campo, o trio já estava trocado para iniciar os trabalhos quando entra em campo um dos organizadores. Nos passou o recado que não haveria nenhum jogo, pois os adversários, que pela tabela não tinham mais chances de classificação, não iriam aparecer para jogar, ou seja, recebi minha taxa integral sem stress (risos)”.


Uma das situações mais corriqueiras na várzea é o time apresentar-se com um número de jogadores abaixo do permitido. Atualmente os times de várzea pagam jogadores e esses mesmos atuam e recebem por varias equipes. Por exemplo, daí que um ou até mais atletas jogam em dois times, uma final cai no mesmo dia e horário de uma outra final e o jogador vai para qual jogo?  Do que pagar mais? Do que for mais perto e acessível? tenta jogar meio tempo em cada?. Às vezes dá certo mas as vezes embaça. Mais complicado ainda é ele enfrentar o dono e os torcedores do time que ele “deixou falando”. Nesses casos o melhor é conversar e já se programar, senão o "molho azeda".


Matéria: Marcelo S. Costa / Eduardo Lima - Foto: Marcelo S. Costa

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